Um olhar emocional sobre a comida.

A sociedade atual está nos transformando em máquinas de competitividade. Não somos mais seres, que dirá humanos. Somos, sim, consumidores e, como a própria palavra diz, estamos realmente levando ao pé da letra e nos consumindo.

Ser feliz? Muitos se perguntam: O que é isso mesmo? Quando foi a última vez que senti plenamente esta emoção?


Precisamos ser os mais bem-sucedidos profissionalmente, esteticamente e financeiramente porque, para poder consumir tudo o que nos torna "melhores" e mais "bonitos", é preciso muito dindim.

Queremos as roupas, joias, cabelos das atrizes das novelas, fazer lipo, turbinar os seios e de quebra somos convencidos também a comer tudo o que tiver um apelo marqueteiro. Somos eternamente insatisfeitos com nosso corpo e confundimos estética com qualidade de vida e saúde.

Estamos sempre correndo atrás de algo, como se sempre faltasse alguma coisa, e nos sentimos vazios. Como todas estas coisas geram muito estresse e um sofrimento emocional muito grande! E adivinha como preenchemos o vazio? É, eu sei, eu sei, mas infelizmente é com comida.

Partindo do princípio de que fome é uma necessidade orgânica e fisiológica e de que comida é a energia de que precisamos para manter nosso corpo vivo e funcionando, responda você mesmo: Toda vez que você ataca a geladeira ou se alimenta, está realmente com fome?




Veja bem, quando um animal sente sede, ele busca água, quando sente fome, caça seu alimento e come até sentir-se saciado. Nós, seres humanos, somos privilegiados, somos inteligentes, temos consciência de nossos atos e também somos dotados de livre arbítrio e poder de escolha. Então, temos tudo para fazer boas escolhas. Porém somos levados por nossos desejos e emoções não resolvidas.

Ensino algumas técnicas básicas para meus pacientes poderem se livrar dessa armadilha:

- Coma a cada três horas, assim não terá fome exagerada.

- Toda vez que sentir o impulso de comer fora de hora, pergunte-se: Estou com fome ou com vontade de comer? Estou com fome de quê? O que me incomoda neste momento? Traga para o consciente a situação e tente resolver.

- E se ainda for difícil resistir, tenha sempre à mão alimentos pouco calóricos para dar trabalho para os dentes. Uma dica legal é uma maçã picadinha, um pepino, e comer devagar. Isso reduzirá a ansiedade pela mastigação.

- Faça uma atividade física para canalizar o estresse (caminhada, musculação, ioga, dançar).

- Alimente também seu espírito, tire um tempo para olhar para dentro de si, para meditar, orar ou até mesmo contemplar a natureza somente.

- Seja persistente, esses episódios não duram muito tempo, em média 10 minutos.

É urgente aprendermos a lidar com as nossas emoções, pois é muito comum nos alimentarmos compulsivamente, mais por ansiedade do que por fome. Esperamos que o alimento nos traga novamente uma sensação de bem-estar e caímos num ciclo vicioso. E depois o que nos resta é aquela sensação de estufamento, de culpa e uma enorme ressaca moral.

Lembre-se, emoção resolvida não vira comida.

Feliz Natal a todos.