Pseudolalia - O transtorno da mentira


A Pseudolalia é uma mentira compulsiva resultante de um longo vício de mentir. A pessoa mente por mentir, perde a noção do que é verdade ou não, convence-se das mentiras como puras verdades.

A pseudolalia pode conduzir a graves distúrbios de personalidade, podendo o pseudolálico acabar por perder a sua individualização e viver em um mundo real criado imaginariamente, comportando-se de uma forma difícil ao contato humano e só com tratamentos profundos pode-se melhorar.


As pessoas perdem lenta e gradualmente a consciência da gravidade da doença que vão adquirindo, porque a sua realidade vai perdendo cada vez mais sintonia com o verdadeiro real. Por fim o vício de mentir é um ato inconsciente e perante a mais simples situação a fuga à verdade brota espontânea e como uma repetição compulsiva e criação de verdades inexistentes.


Existem, além destas, um outro tipo de mentiras: as provenientes do chamado mentiroso compulsivo, que mente sistematicamente e aparentemente sem razão.
Aqui estamos lidando com alguém para quem a mentira assume contornos de dependência, tal como o álcool ou a droga.

A mentira torna-se um vício, já que é dita de forma compulsiva, ou seja, o mentiroso tem consciência que está mentindo mas não consegue controlar esse impulso. O vício compulsivo de mentir é a fuga da realidade

A pseudolalia é uma doença grave.  Segundo psiquiatras e psicanalistas, a prática freqüente de viver uma situação imaginária pode ser o resultado de uma profunda insegurança emocional, além de traumas de infância. A atitude funciona como um mecanismo de defesa para pessoas que apresentam um quadro de carência acentuada.

Estudos comprovam que crianças vítimas de uma educação julgadora, imposições, disciplinas rígidas, e que por vezes vivem dominadas com autoritarismo, são fortes candidatas à doença.
 

Pesquisas também demonstram que uma pessoa que carrega o vício de mentir pode não conseguir se controlar, tornando-se semelhante a quem tem o vício do jogo.



Quando a mentira vira uma doença

Para que mentir? A pergunta que Noel Rosa e Vadico transformaram em canção aflige tanto pais de pequenos mentirosos quanto a mulher que surpreende o marido com desculpas esfarrapadas. Para que mente o menino que insiste em contar aos pais e amigos façanhas inverossímeis? Os psicanalistas afirma que as crianças mentem porque desejam dar aos seus pais a versão que, supostamente, estes gostariam de ouvir.

"Estes pais precisam se examinar para verificar se não estão impondo aos filhos os seus desejos e se interessando pouco pelos desejos dos filhos. O colapso da atividade de brincar é o que agrava a intensidade da mentira. Se, ao invés de mentir, a criança tem a chance de brincar, pode chegar bem perto da satisfação de seus desejos. Hoje, cada vez mais, a adolescência é uma extensão da infância, sem as possibilidades de satisfação desta, na brincadeira. No casamento, a mentira se dá dentro do mesmo processo: ambos tentam ser o que gratifica o outro para que o outro também se sinta gratificado".
Há mentiras que indicam crises de auto-estima. O psiquiatria infantil atende crianças, por exemplo, de classe média que estudam em colégios de luxo e mentem por questão de status. 

"Estas crianças se sentem socialmente humilhadas. A mentira, para elas, é uma defesa". Já o adolescente mente para se proteger de pais invasores ou repressores. A menor R.B., de 17 anos, por exemplo, diz que vai dormir na casa da amiga, mas dorme com o namorado. "Se eu disser a verdade, não poderei sair de casa", justifica-se.

Os psicanalistas vêem então a mentira do adulto como necessidade, às vezes compulsiva, de obter lucro ou prazer. "Há duas espécies de mentira: a que prejudica alguém é diferente da mentira social. A mentira compulsiva é uma doença, mas a verdade compulsiva também é. Não se pode falar a verdade o tempo todo. Por isto, é difícil julgar mentirosos quando se trata da relação amorosa. Mentir, evidentemente, não é o melhor modo de se relacionar. Mas, às vezes, é a única opção. Os contratos humanos expressam a força e também a fragilidade da condição humana".

O mentiroso compulsivo, só deixa de mentir quando aceita sua própria precariedade. "O problema mais grave na mentira é social. A sociedade mantém convenções que são incompatíveis com a condição humana. O sujeito mente porque não suporta o conflito penoso e irremediável entre seus desejos e a frustração imposta pela realidade. Numa sociedade menos hipócrita, este conflito entre o desejo e a realidade permaneceria, mas seria melhor administrado". A resposta à pergunta de Noel Rosa talvez seja simples: o sujeito mente para tornar a realidade menos frustrante.
Agência Unipress Internacional  
Agencia Globo

Limão na prevenção do câncer




 

A grande infelicidade desta distorção celular consiste no fato de que a doença, sobretudo nos cânceres internos, só é diagnosticada tardiamente, quando os recursos terapêuticos já estão cada vez menos efetivos, apesar de extremamente agressivos e violentos para as demais células saudáveis.
Portanto, o tratamento do câncer só costuma ter resultados mais favoráveis quando iniciado nos primeiros estágios da doença. O mais prudente está em praticar hábitos de vida e alimentação que previnam o câncer e as demais doenças.
Existem muitas clínicas naturistas e preventivas, onde as pessoas são orientadas para uma dinâmica de vida com alimentação mais natural, vegetariana e crua.
Nos livros O poder de cura do limão – Um guia de medicina caseira e Alimentação Desintoxicante - Para ativar o sistema imunológico (Conceição Trucom – Editora Alaúde) o tema prevenção encontra-se bem abordado; quando na indicação dos sucos desintoxicantes integrados com o limão, com vários propósitos terapêuticos, dentre eles o de prevenir e combater o câncer, que é uma doença decorrente da baixa imunidade.
O limão, com todas as suas propriedades, principalmente as alcalinizantes e desintoxicantes, evita o câncer, e seu uso em doses bem estudadas pode combatê-lo e até destruí-lo. 


O uso da casca do limão no combate ao câncer

 
As informações a seguir são de propósito esclarecedor; não têm como objetivo diagnosticar, receitar ou tratar qualquer doença. Trata-se de uma coletânea de pesquisas modernas, que nós, leigos, precisamos saber e estarmos bem informados. A decisão para usar ou não é de única responsabilidade do leitor.
Para não correr os riscos da automedicação, sugiro que você aprofunde estas informações e compartilhe tudo com o seu médico.
O d-limoneno é um composto químico, oleoso, encontrado na casca das frutas cítricas como o limão, a laranja, a tangerina, o grapefruit e a bergamota. Trata-se de um monoterpeno que faz parte de quase 100 estudos científicos realizados em animais e seres humanos, para prevenção e tratamento de câncer. Um composto natural que, quando devidamente usado, é atóxico.
O d-limoneno tem mostrado ser ativo contra vários tipos de tumores. Assim, incorporar o d-limoneno na dieta é uma escolha que ajuda a promover e manter o ciclo saudável de vida de células normais. Fazendo isto, segundo estes numerosos estudos, pode-se ajudar a bloquear o câncer em seus três estágios: iniciação, progresso e dependência. Em outras palavras, ele ajuda a prevenir o início do câncer e tratá-lo quando já instalado.
Evidências mostram o benefício de suplementar a alimentação com alimentos vivos, como também os ricos em d-limoneno, mais ativamente encontrado na casca do limão. Desta forma, o consumo diário de sucos de frutas, folhas e vegetais contendo de 1 a 2 limões – casca e polpa - associado com um estilo de vida saudável, pode tornar a vida mais longeva, produtiva e com menor risco de gerar câncer e outras doenças advindas da baixa imunidade.
Em síntese, o uso do óleo essencial (OE) do limão, ou seja, do óleo extraído da casca do limão, rico em d-limoneno e outros monoterpenos, é um auxílio ao tratamento e prevenção de alguns tipos de câncer. Especialmente, nas fases iniciais do desenvolvimento da doença. Os tipos de câncer já iniciados em que este tratamento mostrou melhores resultados são os de próstata, de estômago, de fígado, de intestinos, de pâncreas, de mama, de pulmão e nas leucemias.

Como o d-limoneno age neste sentido? 

 
Segundo estudos do Hospital Universitário de Saint Radbound, Holanda, o d-limoneno age aumentando a atividade de uma enzima desintoxicante (a Glutationa S-Transferase - GST), que tem como função desativar agentes desencadeadores do câncer. Assim, aumentando os níveis de atividade desta enzima, maior a capacidade do corpo em desintoxicar-se; portanto, de prevenir e tratar o câncer.
O d-limoneno também age induzindo a morte natural das células cancerosas e/ou inibindo o seu crescimento celular. Estudos da Universidade de Purdue, EUA, com ratos, demonstraram que a quimioterapia com o uso de monoterpenos como o d-limoneno resulta numa rediferenciação dos tumores malignos em um fenótipo mais benigno.
Monoterpenos são agentes antitumor efetivos, não tóxicos para ingestão e que agem através de uma série de mecanismos; portanto, fazendo parte de um amplo número de remédios naturais para o tratamento do câncer.
Estudos do Departamento de Oncologia da Universidade de Wisconsin-Madison, EUA, demonstraram que o
d-limoneno apresentou uma ação preventiva na indução do câncer mamário, tanto nos estágios de formação quanto nos de progressão da doença. Eles observaram que este monoterpeno, quando ingerido, também causou a regressão da maioria dos cânceres mamários em ratos, e que agiu especialmente na rediferenciação dos tumores de malignos para benignos.
Em pesquisas do Centro Médico de Osaka, no Japão, observou-se que o d-limoneno age inibindo a proliferação de células cancerosas no pâncreas, mostrando um potencial no tratamento deste tipo de doença.
A Universidade Médica de Dalian, na China, mostrou que o uso do d-limoneno no tratamento do câncer gástrico (BGC-823) apresenta resultados positivos, devido à indução de morte destas células.
Desta forma, como os óleos essenciais cítricos (extraídos da casca), são a maior fonte natural de d-limoneno, eles podem ser utilizados como favoráveis recursos no tratamento de vários tipos de câncer.
A dosagem preventiva de d-limoneno é o consumo diário de 2 limões (polpa e casca), que podem estar diluídos com outras frutas, folhas e raízes, como no preparo dos sucos desintoxicantes.

Uma curiosidade

 
O médico oncologista Carl Simonton afirma: A idéia de que o câncer devora vorazmente todo o corpo da vítima é totalmente errada.
Células cancerígenas são tão frágeis que é quase impossível cultivá-las num tubo de ensaio. Se isso finalmente acontece, e o cientista acrescenta no recipiente glóbulos brancos, nunca se vê as células cancerígenas atacarem estes glóbulos. Ao contrário, são os glóbulos brancos que iniciam imediatamente o ataque.
O que quer dizer que um tumor maligno apenas consegue alastrar-se dentro do corpo humano sob condições específicas, as quais são criadas principalmente por emoções destrutivas, como raiva contida, medo e desesperança.
Hoje, cientistas especializados em psiconeuroimunologia sabem que esses estados psicológicos negativos atacam o sistema imunológico através de "mensageiros", ou seja, toxinas, as quais o limão e seus ingredientes ativos sabem como eliminar.
Quando o paciente aprende a arrancar essas emoções de seu subterrâneo psicológico e lidar construtivamente com elas, o câncer não encontra mais substâncias que o alimentem, e tende a desaparecer.
Além disso, medo, raiva e desesperança são muitas vezes gerados por informações falsas e sustentados por um sangue ácido. E quem descobre que as células cancerígenas são vulneráveis pode, acabar com as emoções enganadas cultivadas a respeito da doença. Neste caso, o limão com sua propriedade de alcalinizar o sangue, irá favorecer no desarme das emoções negativas.
Mais curioso ainda é que na Aromaterapia, o óleo essencial do limão é usado justamente para provocar maior contato com as verdades internas e a alegria de viver.

Dica de uso externo: 

 
Óleo imuno-estimulante.
Ingredientes: 4 colheres de sopa (30 ml) de óleo vegetal de linhaça prensado a frio, 4 gotas de óleo essencial de limão, 4 gotas óleo essencial de lavanda, 4 gotas óleo essencial de tea-tree, 4 gotas óleo essencial de tomilho.
Misturar e guardar em frasco âmbar. Massagear o corpo com movimentos delicados e circulares (sentido horário) ou áreas de fragilidade.

Dicas de uso interno: 

 
Estes sucos desintoxicantes são apenas sugestões, use a sua criatividade. Eles devem ser ingeridos diariamente pela manhã em jejum. Em casos de uma desintoxicação mais intensiva ou em tratamentos de baixa imunidade ou doenças crônicas, recomenda-se o consumo 2-3 ou mais vezes ao dia, acrescentando tomar também no intervalo das refeições principais.

Maçã e brotos: bater no liquidificador o suco fresco de 2 limões (polpa e casca) com água de 1 coco verde (ou mineral), 2 maçãs descascadas e sem as sementes e 1 xícara de brotos (alfafa ou feijão). A maçã é um alimento refrescante, relaxante e rejuvenescedor. Opcional: ramos de salsinha (diurética e adstringente). O broto é um alimento biogênico (gera vida), riquíssimo em vitamina C e vitalidade.


Laranja e inhame: passar na centrífuga 2 laranjas, 2 limões (polpa e casca) e 1 cenoura. Bater no liquidificador o suco obtido com 1 xícara de folhas de hortelã e 1 inhame médio cru. Servir imediatamente. O inhame é um alimento que neutraliza sabores e ainda retira impurezas do sangue através da pele, rins e intestinos.


Este texto faz parte do livro: O poder de cura do limão.

Reprodução permitida desde que citada a fonte.
Atenção: Não se automedique. Este texto é para esclarecer. Entretanto, as dosagens, quantidades, horário, freqüência e demais explicações do correto uso do limão e seu óleo essencial é que darão a possibilidade de sucesso nos tratamentos de prevenção e cura. Como qualquer medicamento, o poder de cura do limão não está num uso esporádico e inadequado, mas no seu uso correto e freqüente.

Hipocondria resumida


 

 
Hipocondria é um dos termos mais antigos do vocabulário médico, tendo-se generalizado a sua utilização, na linguagem corrente, por toda a população não médica, perdendo algumas vezes o seu significado preciso. A palavra hipocondria começou por ser utilizada, em finais do século XVIII, para descrever doenças cuja causa não era perfeitamente conhecida, mas que se pensava terem origem em problemas dos órgãos do hipocôndrio -uma zona do abdômen Atualmente, hipocondria descreve uma doença psiquiátrica na qual existe receio ou convicção, sem fundamento, de que se tem ou se irá ter uma determinada doença, habitualmente grave. Os hipocondríacos se preocupam excessivamente com possíveis doenças físicas ou psíquicas, comparando o que sentem com sintomas diagnosticados noutras pessoas, imaginando que estão a desenvolver doenças semelhantes.Procuram constantemente consultas médicas, submetem se a testes, tratamentos numa busca consciente ou inconsciente por um diagnóstico e sentem-se mal caso a doença imaginada exista ou não. O hipocondríaco não é um doente imaginário, mas alguém que apresenta uma verdadeira doença crônica: uma perturbação perceptiva, cognitiva e psicológica que acaba por originar sofrimento real, disfunções psicofisiológicas, deterioração familiar e social, consultas médicas freqüentes e possibilidades de automedicação e de iatrogenia (alteração para pior no tratamento de um paciente), portanto merece grande atenção e apoio. Estima-se que 10 a 20 por cento da população considerada “normal” possua tais preocupações hipocondríacas em algum momento da sua vida, particularmente em períodos de maior fragilidade emocional, sem que isto constitua uma verdadeira doença.


QUAIS AS CAUSAS DA HIPOCONDRIA?
 
Não se conhece a causa da hipocondria, mas são avançadas quatro teorias principais que tentam explicar esta doença:
1 Teoria da amplificação. É a que encontra maior apoio nas investigações já realizadas. Sugere que a hipocondria resulta de um aumento das sensações corporais normais e de um desvio da atenção do indivíduo, que parece estar “desligado” do exterior e estar seletivamente atento aos seus sintomas corporais mínimos, amplificados, que são encarados como sinônimos de doença.O hipocondríaco vive num estado de permanente escuta, desviando a sua atenção do meio ambiente para si próprio e olhando de modo alarmista e interpretando erradamente cada sensação nova no seu corpo.

2 Teoria psicanalítica. Desenvolvida a partir de Freud, advoga que a hipocondria seria resultado de fatores exclusivamente psicológicos, que as queixas físicas seriam manifestações de conflitos psicológicos relacionados com a agressividade, com a culpa, com a baixa auto-estima e sinal da excessiva preocupação consigo mesmo. Por exemplo, a carência afetiva nas crianças pode levá-las a queixarem-se de dores imaginárias para que os adultos olhem para elas e lhes dêem atenção.Da mesma forma nos idosos que em geral recebem menos atenção da sociedade é comum a queixa de dores e mal estar físico que refletem a necessidade de chamar atenção para sua pessoa.

3 Teoria da aprendizagem social. Defende que o indivíduo aprende o papel de doente. As constantes atenções e cuidados que recebe quando a sua saúde está afetada levam-no a habituar-se a esse conforto e a alimentar esse tipo de situações. Por exemplo,uma criança que numa doença infantil normal recebe excesso de cuidados ou que foi submetida á superproteção acerca de sua saúde pode desenvolver no futuro,por causas diversas, uma preocupação exagerada com esta.Outra possibilidade é que a criança tenha vivido num ambiente de sofrimento devido á doença de familiares,aprendendo,assim,a criar para si um ambiente nefasto.

4 A quarta teoria sugere que a hipocondria seria uma forma especial de uma outra doença psiquiátrica, como a doença depressiva, as perturbações da ansiedade ou certas perturbações da personalidade. Tanto que certos doentes passam a viver num total estado de dependência em relação as outros e á condição que a doença lhes impôs, tornando-se infantis, egocêntricos,tem dificuldade em tomar decisões. Outros preferem se isolar internado-se em um hospital ou tentando um auto tratamento.

O TRATAMENTO
 
A evolução desta doença é crônica e desgastante, com episódios que duram meses ou mesmo alguns anos, seguindo-se períodos de calma, podendo surgir novos episódios conforme a seqüência de acontecimentos negativos de natureza psicológica ou social que ocorrerem na vida do doente. O tratamento da hipocondria deve começar por despistar qualquer possível doença médica que explique os sintomas, também se deve procurar uma outra patologia psiquiátrica associada, como doença depressiva ou de ansiedade, que, se existir deverá ser tratada. Inicialmente, os doentes são seguidos pelos clínicos gerais que, logo que possível, os referenciam a uma consulta de psiquiatria, onde poderá ser feita uma psicoterapia – tratamento psicológico – individual ou de grupo.Nesse período e no subseqüente ao tratamento o apoio familiar é importante para a estabilidade psico-social do individuo.

Psiconeuroimunologia



Apesar de debatida desde a época de Hipócrates, a associação entre as emoções e as doenças tem sido explicada nas úultimas décadas devido aos avanços em biologia celular e molecular,
 A relação entre o  genética, neurociências e em estudos de imagem cerebral. Estes avanços revelaram as diversas conexões entre os sistemas neu- roendócrino, neurológico e o sistema imunológico e, dessa forma,
entre emoções e doenças.  O termo "Psiconeuroimunologia" foi introduzido por Robert Ader,
em 1981, para definir o campo da ciência que estuda a interação entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico.

 Muitos estudos também têm demonstrado que uma variedade de estressores físicos e psicossociais podem alterar a resposta imune através dessas conexões.

 O eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e o sistema simpático adrenomedular são os componentes neuroendócrinos e neuro- nais primários da resposta ao estresse. A liberação do cortisol a partir do córtex adrenal, das catecolaminas a partir da medula
 central nervous system     adrenal e da norepinefrina a partir dos terminais nervosos
preparamprepara o indivíduo para lidar com as demandas dos estressores metabólicos, físicos e/ou psicológicos e servem como  mensageiros cerebrais para a regulação do sistema imunológico. Por outro lado, o sistema imunológico produz mensageiros quími- cos (citocinas) que desempenham um papel crucial em mediar as respostas inflamatórias e imunes e também servem como me- diadores entre os sistemas imunológico e neuroendócrino. As citocinas pró-inflamatórias, liberadas na periferia, estimulam o SNC ativando o eixo HPA, conseqüentemente levando à produção de corticosteróide por parte da glândula adrenal. Dessa forma, a resposta ao estresse regula o sistema imunológico quando uma resposta imune não mais é necessária. As interrupções nessa alça regulatória desempenham um papel importante na susceptibili- dade e resistência às doenças auto-imunes, inflamatórias, infec- ciosas e alérgicas.2 A liberação excessiva desses hormônios de estresse antiinflamatórios, tais como o cortisol, no momento equivocado, como ocorre durante o estresse crônico, pode predis- por o hospedeiro a mais infecções devido à imunossupressão re- lativa. Por outro lado, uma ativação insuficiente da resposta hor- monal ao estresse pode predispor a doenças auto-imunes e infla- matórias tais como artrite, lupus eritematoso sistêmico, asma alérgica e dermatite atópica.

O sistema imunológico também desempenha um papel impor- tante no sistema nervoso central em relação à sobrevivência e morte neuronal. As citocinas podem atuar no SNC como fatores de crescimento neuronal e como neurotoxinas, desempenhando, portanto, um papel em doenças como Demência de Alzheimer, neuroAIDS, e trauma cerebral.
As citocinas pró-inflamatórias, tais como interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6), interferons (IFNs) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF ), que são liberados durante uma infecção, induzem um conjunto de mudanças de comportamento e mal- estar associados à enfermidade, denominados sickness behavior. Este consiste em um conjunto de sintomas não-específicos que incluem: febre, fraqueza, mal-estar, apatia, incapacidade de con- centração, sentimento de depressão, letargia, anedonia e perda do apetite. Estudos em animais e humanos têm mostrado que a infusão de citocinas (sistêmica ou central) induz sintomas de sick- ness behavior. Os mesmos sintomas são descritos em voluntários injetados com moléculas que induzem a síntese de citocinas endó- genas, tais como os liposacarídeos LPS, o fragmento ativo da endotoxina do Gram negativo.
A demonstração de que as molécu- las imunes são capazes de influenciar as respostas comporta- mentais e o eixo HPA levantaram a questão sobre a ligação entre as citocinas e os transtornos depressivos. Embora alguns estudos tenham demonstrado níveis aumentados de citocinas pró-infla- matórias plasmáticas e de proteínas de fase aguda em pacientes com depressão, resultados contraditórios também têm sido descritos. Resultados mais consistentes foram encontrados em estudos clínicos com pacientes não-psiquiátricos, em que citoci- nas administradas durante quimioterapia induzem episódios depressivos que podem ser evitados por meio do uso de antide-
pressivos.3
Outra linha de investigação tem sugerido que genes que codifi- cam citocinas, que se expressam no cérebro, poderiam desem- penhar um papel na depressão.4 Em especial, o gene que codifica um membro chave do sistema IL-1, o receptor antagonista IL-1 (IL-1ra), o qual se expressa em áreas importantes do sistema biológico que, sabidamente, encontram-se desreguladas na depressão.4 A expressão do IL-1ra no SNC é muito mais modesta do que o observado no tecido periférico. Dessa forma, ainda que estejam integrados, os compartimentos central e periférico das citocinas podem ser regulados de uma forma distinta. Licinio & Wong propuseram que, nos transtornos psiquiátricos, o compartimento central das citocinas estaria ativado. Esta ativação central das citocinas, não necessariamente seria desencadeada por um processo inflamatório, mas poderia estar relacionado a outros fatores, tais como estresse, neurodegeneração e uma possível predisposição genética. Estudos futuros necessitam ser realiza- dos para elucidar esta possível via de ativação.4 Há algumas evidências sobre o papel das citocinas na etiologia de alguns sub- tipos de depressão, embora os resultados provenham de alguns estudos que ainda não foram universalmente reproduzidos. Evidências diretas de estudos em animais fornecem medidas das citocinas em áreas específicas do cérebro,5 embora a tecnologia ainda não esteja disponível para realizar tais estudos em seres humanos.

Estudos clínicos futuros deverão examinar um conjunto mais amplo de citocinas em relação às variáveis clínicas e aos mar- cadores laboratoriais da depressão, tais como estudos do sono e testes de desafio do eixo HPA. Estudos longitudinais poderiam também ajudar a elucidar a questão de se as anormalidades nas concentrações de citocinas, encontrada em pacientes com depressão maior, são marcadores de estado ou traço da depressão.


Referências


1. Dantzer R. Cytokines and sickness behavior. Vol 1. Boston: Kluwer
Academic Publisher; 2003.
2. Webster JI, Tonelli L, Sternberg EM. Neuroendocrine regulation of immunity. Annu Rev Immunol. 2002;20:125-63.
3. Musselman DL, Lawson DH, Gumnick JF, et al. Paroxetine for the preven- tion of depression induced by high-dose interferon alfa. N Engl J Med. 2001;344:961-6.
4. Licinio J, Wong ML. Cytokine pathways in the brain. 1st Ed. Vol 1. New York: Kluwer Academic Publ; 2003.
5. Tonelli LH, Maeda S, Rapp KL, Sternberg EM. Differential induction of interleukin-I beta mRNA in the brain parenchyma of Lewis and Fischer rats after peripheral injection of lipopolysaccharides. J Neuroimmunol. 2003;140:126-36.


Agradecimento a Priscila Nunes Pitt

O Especismo Animal e o Amor.





Os defensores e amantes dos animais estão ganhando visibilidade a cada dia. Porto Alegre é uma espectadora privilegiada desse processo, a campanha pelo fim das carroças (pensando nos cavalos), o estudante que se negou a aprender com dissecação, recentemente o mini-zoológico da Redenção foi fechado para não estressar os animais e, como em outros lugares, por aqui existem muitos ativistas que pedem o fim de experiências com animais, e ainda os vegetarianos sempre denunciando a indústria da carne com seus inevitáveis maus tratos. 

De qualquer forma, não é difícil perceber que uma nova sensibilidade para com a vida animal vem mostrando seu rosto. Embora essa tendência esteja em crescimento, os militantes da causa animal ainda são poucos, mas por sorte são bem barulhentos. Digo sorte porque nos põe a pensar, subvertem as certezas e isso sempre é bom.

Essa visão generosa para com os animais não é exatamente uma novidade, os Jainistas já defendem essas idéias há séculos. Essa antiga religião indiana, pelo menos desde 600 a.C., aparentada ao hinduísmo, mas que rejeita as castas e especialmente os sacrifícios, crê que toda forma de vida é sagrada (vegetais idem). Obviamente são vegetarianos, mas alimentam-se de frutos já caídos. Filtram a água para não beber algo vivo, usam um pano na boca para não engolir involuntariamente um inseto e, pela mesma razão, espanam previamente qualquer lugar onde sentam, para assegurar-se não destruir nenhuma pequena forma de vida.

Mas nem precisaríamos ir tão longe, a idéia dos nossos índios sobre a vida animal vira nossa lógica de ponta cabeça. Para eles no começo só existia a humanidade e por escolhas e descaminhos, os animais tomaram outro rumo, decaíram, mas eles seguem “humanos” de certa forma, são nossos parentes distantes. Enquanto no raciocínio ocidental nós viemos dos animais e evoluímos, para eles os animais vieram de nós. Por isso que os casamentos com animais nas mitologias indígenas não nos fazem sentido, mas para eles sim, pois seria outro povo, não outra espécie.

Essa tendência gerou um novo termo: “especismo”, para designar aqueles que tratam os animais como objetos. Especista seria quem se julga pertencer a uma espécie superior (no caso nós os humanos) e por isso se arvoraria o direito de dominar as outras espécies. Para seguir matando, criando animais para abate ou deleite (não esqueçam os caçadores, as touradas, as rinhas…), ou ainda usando-os como cobaias, não seria possível sem essa dita arrogância especista. 

Esse novo termo vem acompanhado de um raciocínio onde se diz que o especismo estaria, para nós e os animais, assim como o racismo está para as raças humanas (para quem acredita que elas existam, pois biologicamente elas não fazem sentido) e o sexismo para a dominação de gênero. Ou seja, eles buscam uma filiação que os vincularia ao lado, e de uma certa forma como um aprofundamento ético, dos que lutam contra o racismo e o sexismo.

E a questão tem mais uma volta, o racismo e o sexismo estão em declínio não por boa vontade e entendimento mais profundo dessa questão, mas por um jogo de forças sociais, onde as mulheres e os prejudicados lutaram, sofreram e não poucos morreram para chegar onde estamos. 

Por outro lado, se conseguirmos uma igualdade de estatutos de direitos com os animais, nós vamos ter que lutar por eles, pois eles não têm uma causa, a menos que seguir vivo seja uma. Ou seja, seria o estabelecimento de uma igualdade “tutorada” pelos que acreditam que isso assim deva ser. É bom lembrar que não existe um direito natural, os direitos são duramente conquistados no eterno jogo de poder e não generosamente outorgados e reconhecidos.

Nestes casos uma frase de Kundera é especialmente preciosa: “A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar em toda sua pureza e em toda liberdade em relação àqueles que não tem nenhuma força". 

O verdadeiro teste moral da humanidadesão suas relações com aqueles que estão a sua mercê: os animais. 

E é aí que se deu a maior derrota do homem, fracasso fundamental de onde todos outros derivam”. Aliás, essa é a posição de Bauman também, embora ele fique no âmbito dos homens, ele que diz que a sua maneira de medir a humanidade de uma civilização é como ela trata os menos favorecidos, os fracos e desvalidos. O espírito é o mesmo, você só seria moralmente elevado se não se aproveitar da impotência alheia.
Mas o que sempre me pergunto frente a esses movimentos, aos quais geralmente tenho simpatias, é se estamos diante de um avanço da sensibilidade humana ou um de retrocesso? Em outras palavras: isso seria uma forma mais ampla de um humanismo revigorado? Ou estaríamos, apesar das boas intenções, frente a um sintoma de desencanto com a humanidade? Ou seja, buscamos na natureza, mais especificamente nos animais, uma causa, um equilíbrio e um valor, porque as bandeiras de sempre andam desbotadas? 

É fato que as tradicionais causas já não empolgam tanto nem tantos, de fato existe um cansaço delas. Paira a idéia de que a humanidade é uma paixão fútil e existe uma desesperança no humano e nas suas instituições e as religiões idem. Onde então buscar uma nova causa que oriente a aspiração ética que trazemos? É isso que mobilizaria essa nova sensibilidade para com os animais?

Talvez a melhor resposta seja a mais simples. De fato estamos todos infantilizados. 
Mas não de qualquer forma, isso decorre duma tentativa de simplificação do mundo, um mundo básico, do certo e do errado, do bandido e do mocinho, e isso os humanos com sua labilidade e complexidade não podem nos dar. Creio que esse movimento usa sem saber a seguinte máxima de Mark Twain: “recolha um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o homem.”  

Nossos amigos sabem que correm o risco de ser mordidos se escolherem os humanos e se refugiam no amor fácil dos animais.
Os animais nos mergulham num mundo sem mal entendidos, cuidar e ser amado. Você dá e você recebe. Eles nos refrescam a memória dos cuidados maternos. 
Viemos ao mundo banhados no amor da mãe, ou ele existe ou não nos constituímos. Um amor que não pede nada (na verdade não é nada assim, mas é assim que gostamos de pensá-lo). 
Exercemos com os animais uma maternidade que parece estar no horizonte das conquistas possíveis. E pior, colocamos essa forma de amar e se relacionar como paradigmática das relações humanas. Evitamos a humanidade e sua inevitável complexidade para desembocarmos numa miragem de natureza idealizada. Melhor para os pets, pior para nós.


Referencias Bibiogafia: As Fadas no Divã - Corso, M.

Desmitificando a Psicopatia


 
 
Primeiramente psicopatia nada mais significa que um portador de qualquer doença psiquiátrica e psicológica (patia = doença).

Ou seja, um portador de Depressão também se enquadraria no significado da palavra psicopata. Na mesma linha de raciocínio o termo sociopatia também não estaria adequado.

Em segundo lugar: Psicopata não é sinônimo de falta de caráter.

A característica principal do psicopata é: Ausência de sensibilidade. Não necessariamente é um mau caráter que vai fazer maldades a quem quer que seja. Depende muito de seu contexto.

Terceiro ponto: Nem todo psicopata é ambicioso.
O contrário também é verdadeiro: Nem todo ambicioso é um psicopata.

As novelas atualmente são fábricas de psicopatas. Não temos mais vilões, pessoas más, os personagens agora são sempre doentes mentais. Isso faz as pessoas crerem que qualquer pessoa que "passa por cima dos outros" para ter poder seja um "psicopata". Nem todos os casos. Muitos são meramente maus-caráteres. Poucos são de fato psicopatas.

Quarto ponto: Nem todo psicopata é mau.
Repetindo: A única característica essencial do psicopata é a ausência de sensibilidade.

A grande questão é que isso os faz não pensar nas consequências ou no sofrimento que vão trazer as pessoas. Isso provoca atitudes impulsivas, sem pensar, sem análise crítica. 

O grande risco está na impulsividade. Se ele deseja algo, ele acaba fazendo e não tem dimensão do quanto é absurdo, do quanto vai fazer os outros sofrerem, pois não sabe o que é o sofrimento, ele não sente.

Então na verdade o termo "Mentes Perigosas" está equivocado, o correto seria "Mentes Insensíveis".

O termo correto para falar de "psicopatas"(como dizem na linguagem leiga) é Transtorno de Personalidade Anti-Social ou Antissocial. O que também é um termo mal elaborado, pois não são necessariamente "contra" o "social".

Sinceridade ou "Sincericídio"?





Poucas virtudes recebem tão ampla aprovação por parte dos moralistas e de pessoas em
geral como a da SINCERIDADE
Alguém pode se recordar de uma crítica com o objetivo de
desacreditá-la?  Uma prova adicional deste mérito da qual goza a sinceridade, vém de queseus opostos recebem a marca da injúria: a insinceridade, a mentira, a falsidade, o engano, afraude, o falso testemunho, a impostura, a simulação, a dissimulação, a fanfarronice, o bluff, a adulação, a calúnia etc. 

Vladimir Jankélévitch poderia dizer que:
"A sinceridade é sempre formosa, sempre exigível, e absolutamente boa; a sinceridade não
depende de cláusuras por meio das quais ela chegaria a ser virtuosa, mas ao contrário é
ela que outorga valor a uma conduta que em si mesma carece de valor".

Agora, vejamos, é claro que a sinceridade só é um valor do ponto de vista da psicologia
da consciência.

 Sincero não é quem diz a verdade sobre algo ou sobre si mesmo, mas quem diz o
que verdadeiramente pensa, sobre o que acredita ser verdadeiro.

É assim que verdadeiramente se pode dizer as maiores falsidades. Porém, o sincero, convencido da verdade de seu erro, desconhecendo a participação de sua fantasia ou de sua má informação, se identifica com o
objeto de sua convicção. 
Não temos que acreditar nele, ainda que tenhamos que acreditar que ele crê na verdade do que diz. E tanto quanto ou mais ainda do que de todos os provérbios, devemos desconfiar quando escutamos um “sinceramente lhe digo” precedendo qualquer afirmação. 

O pretendido reforço que traz uma referência à sinceridade do falante mostra a fenda da proposição que vem a seguir.Muitas vezes ela, funciona como "jogada" da crueldade. Quem não conhece aqueles que, sob o pretexto da sinceridade, se permitem humilhar o próximo, se vangloriam de sua incontinência no dizer e "espetam e escarram" as maiores inconveniências sem calcular os resultados, e com bela indiferença se fazem desentendidos dos mesmos? Dado o universal reconhecimento da sinceridade como virtude, quem usa de sua franqueza como arma se sente justificado e faz passar o repúdio e as funestas consequências de seu dizer à conta do outro, daquele de quem não pode tolerar a produção e o proferir da verdade que ele representa: “bem, disse o que pensava... se não
agrada aos demais, isso é problema deles.”
Partamos do exemplo mais banal: “que gorda você está!” Rapidamente distinguimos
várias verdades em jogo. Poderíamos falar de uma verdade “referencial”, objetiva. A amiga, esta que escuta, ganhou quilos, e sua sincera camarada a faz notar. A balança poderia confirmar seu dizer. Basta esta consideração objetiva para entender a frase? 

Ninguém poderia ser tão ingênuo, e muito menos quem escuta. 
Há outra verdade que podemos considerar como subjetiva e que se  refere à consciência da locutora. A metacomunicação é dupla: “Observo que você aumentou de peso"
Digo isso para que veja que isso e nota que talvez deva que se cuidar, pois sua imagem
me interessa. E, além disso, não sou aduladora. Digo-lhe a verdade ainda que seja desagradável.
Minha opinião é sincera e  isso me põe acima daqueles que lhe ocultam o que eu

 me animo a dizer-lhe”. 
Pode-se dizer que esta verdade é “conferencial”: a opinião é dada como uma proposição
que pode ser aceita ou recusada; confere-se àquela que escuta a possibilidade de
julgar sobre a suposta obesidade. E existe outra verdade, uma terceira inadvertida ou racionalizada pela locutora: a da agressividade, a da intenção, muito mais grave, por não ser premeditada em seu desejo de aborrecer. Esta violência não deixa de ser percebida por quem escuta e que recusará a desqualificação de sua própria imagem, possivelmente em relação direta
com a importância dada à pretensa gordura.
 
No México, por exemplo se usa aexpressão coloquial “me cais gorda/gordo” para referir-se à impressão desagradável que alguém nos causa. A insinuação repúdio, que cai sobre quem a profere.
Em análise, se comprova que o dito "Sincero" esta busca inconsciente da antipatia é fonte de um gozo particular, intimamente vinculado com o masoquismo moral. 
Esta é a verdade não referencial, nem conferencial, mas sim “transferencial” da afirmação desagradável, e todo psicanalista está familiarizado com este fenômeno no âmbito da sessão, realçado porque, com a insinuação o sujeito supõe estar cumprindo ao pé da letra um rito.
Como a “sinceridade” é um ornamento que qualquer um pode reivindicar para si como adjetivo, a recompensa de prazer narcisista que se espera pela via paradoxal de alcançar não a simpatia, mas a hostilidade do outro compreender a economia de semelhante intercâmbio, pois pensemos que os ditos sinceros acabam atraindo mais desprazeres do que prazer e se qualidade fosse esta premissa seria ao contrario. 
É assim, por meio do mais trivial dos exemplos, que podemos seguir o processo pelo qual
alguém chega a ser “vítima de sua própria sinceridade”, desconhecendo o cheiro de prazer que exala do dizer.  Em sua forma ingênua, aparece como uma queixa a respeito da incapacidade do outro para tolerar a verdade. 

O sofrimento por ser vítima da sinceridade vale como um sacrifício no altar da Verdade.
Abundam os que se oferecem para recompensar a si mesmo com as palmas do martírio. A
incompreensão da qual acusam o outro lhes serve de passaporte. 
Temos que reconhecer que a sinceridade é uma virtude suspeita, que, às vezes, muito simplesmente, é nefasta. 

A sinceridade como intenção e como pretensão de dizer a verdade deve estar advertida de
seus perigos. A mulher e o homem, sendo prudentes, subordinam os princípios abstratos à
situação concreta do encontro com o outro. A verdade não está no que alguém pensa, mas na correta avaliação do que o outro pode tolerar daquilo que esse alguém crê saber. 

 O analista sabe que não pode dizer o que pensa sem exercer uma resistência ao dizer de seu analisante, sem cair no registro da crueldade, sem fazer-se por sua vez vítima de sua sinceridade, ou seja, tudo aquilo que contradiz como dizia Freud a Firenczi, a finalidade do amor. E o analista está advertido: o que ele pode pensar não é a verdade do outro, pois a verdade, ele o sabe, é algo que não se pode dizer nem de si mesmo.
Além disso, as palavras sempre traem aqueles que pretendem enunciá-las.
A exigência de sinceridade se dissolve quando se reconhece o inconsciente e sua
dependência do Outro. 
A veracidade não reside em quem fala, mas na relação dialética que o une com quem escuta. A verdade se expressa sempre, mesmo quando o verdadeiro for a necessidade de mentir. 
Pensemos na analogia de que: "Um falsificador, um verdadeiro falsificador, entrega moeda falsa. Se entregasse moeda verdadeira seria um falso falsificador". A verdade é a de fazer passar o falso como se não o fosse.

" A verdade nada mais faz que aprisionar a mentira no erro”. Lacan

A mentira não é econômica. Uma vez que a dizemos, mudamos o estatuto psicológico e jurídico do mentiroso e do enganado. O primeiro deve sustentar sua falsidade e deve evitar ser descoberto. Segundo todos sabem, é necessário que o mentiroso tenha boa memória. Faz-se prisioneiro de sua mentira e deve exacerbar as precauções para não trair-se. Uma mentira exige outras ao redor. O homem que diz uma mentira raramente percebe a pesada carga que pesa sobre si, pois deve inventar vinte mais para que a primeira se sustente. O jogo é perigoso, e, por isso mesmo, pode resultar como sempre que se trata de correr risco, extremamente atrativo. A psicologia daquele que mente para obter lucros nos mostra assim como a do jogador e de um modo que vale a pena comparar a dimensão dogozo. É preciso levar em conta que o mentir é um ato de linguagem e que é um performativo
muito particular impregnado efeitos perlocutórios: uma vez dita a mentira, os dois participantes no contrato se veem obrigados a jogar seus papéis, são os efeitos da palavra. Este performativo da mentira passa comumente em silêncio, em uma parte da frase que não se diz: “Peço-lhe que acredite que...”, e logo o enunciado “o motor do automóvel que estou lhe vendendo funciona maravilhosamente”. O enunciado é uma constatação, uma afirmação sobre um objeto da realidade que poderia revelar-se verdadeira ou falsa. Porém, como o vendedor sabe que sua frase
é enganosa, precisa fazer todo o necessário para que sua mentira se sustente e não seja descoberto como tal pelo comprador que, por sua vez, se mostra mais ou menos crédulo. Este novo exemplo demonstra que a palavra é sempre suspeita, acomodável, adaptável ao comércio dos desejos de um e de Outro. Quem mente pretende aprisionar sua vítima (que muito frequentemente é sua cúmplice) no círculo da intriga. Sua relação com o enganado é de desdém. Goza de saber o que o outro ignora.
Talvez tenhamos um exemplo muito claro deste gozo em Jocasta. Ela não tinha como NÃO saber, devido a todos os antecedentes, qual era a verdadeira identidade de seu filho/esposo, porém ela gozava da ignorância de Édipo e realizava assim, duplamente, seu desejo criminoso. Gozava e temia triplamente;   

 O autoengano é necessário para que o sujeito se acredite e se faça acreditar. Precisamente, é a dúvida que alimenta a necessidade de dirigir-se ao outro para a confirmação da precariedade da própria existência.  Muitas vezes se cola esta demanda no enunciado: Sim? Não? Verdade? Viu? Compreende? “You know”, além dos gestos e dos olhares de consentimento e de confirmação.

A sinceridade é a crença no próprio dizer: ela tem pouco a ver com a verdade.

E você, será que não é vítima de sua própria sinceridade?
Pense nisso....

REFERÊNCIA

DESCARTES, R. Meditaciones Metafísicas. Cuarta meditación. Serie: Clásicos No. 3. Madrid:
Edit. Gredos, 1987.
FREUD, S. E FERENCZI, S. Correspondance,tomo1. Paris: Calmann-Lévy. 1992.
JANKÉLÉVITCH, V. Les Vertus et l´Amour, 2 vol. Paris: Flammarion, 1986.
NIETZSCHE, F. The will to power. New York: Vintage, 1967.
 Human, all too human. : University of Nebraska Press, 1996.