Volição.

Volição (do latim volitione) - É o processo cognitivo pelo qual um indivíduo se decide a praticar uma ação em particular. 
É definida como um esforço deliberado e é uma das principais funções psicológicas humanas (sendo as outras afeto, motivação e cognição) a qual falaremos nos tópicos oportunamente a seguir.  Processos volitivos podem ser aplicados conscientemente e podem ser automatizados como hábitos no decorrer do tempo, sendo eles certos ou errados, neste momento não nos cabe juízo de valor.

 
Para ilustrar e explicar alguns destes processos precisamos resumidamente topografar pelos terrenos da percepção; imagens mentais; Processos mnêmonicos (memória) etc e processarmos as informações antes do ato volitivo propriamente dito, pois uma ou mais distorções e/ou interrupções patologicas durante a fração destes processos, podem acarretar uma ação cognitiva completamente avessa ao que realmente desejamos empreender.

ATO PERCEPTIVO

A sensação (sensibilidade), matéria prima do ato perceptivo, pode ser dividida em:
- sensibilidade externa: consciência do objeto;
- sensibilidade interna: consciência visceral;
- sensibilidade geral: superficial e profunda (refere-se ao sistema osteomuscular e labirinto);
- sensibilidade especial: relacionada aos órgãos dos sentidos.

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA PERCEPÇÃO SENSORIAL
AGNOSIA: o indivíduo não consegue identificar as impressões sensoriais que recebe.
ANESTESIA: ausência de percepção.
HIPERESTESIA: estímulos captados de forma exagerada.
HIPOESTESIA: estímulos captados de forma diminuída.

ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA PERCEPÇÃO SENSORIAL
1. TROCA: mudança de uma sensação comum por outra, em geral desagradável. Cacosmia (odor fétido para perfumes agradáveis); parageusia (paladar fétido para alimentos saudáveis); acantesia (dor para alimentos banais).
2. SINESTESIA: Troca da qualidade sensorial por outra. Ver sons ou ouvir cores.
3. DESREALIZAÇÃO: estranheza em relação ao mundo.
4. DESPERSONALIZAÇÃO: estranheza de si próprio.

FALSAS PERCEPÇÕES
a. PAREIDOLIAS: percepções fantásticas em um objeto real (imagens de animais quando se olha para as nuvens, mas o observador sabe que o objeto observado é uma nuvem);
b. ILUSÕES: percepções deformadas do objeto real momentaneamente aceita pelo juízo de realidade.
c. ALUCINAÇÕES: aparecimento de uma imagem na consciência sem um objeto real (imagem alucinatória), com as características de uma imagem perceptiva real e por isso aceita pelo juízo de realidade:
- Alucinações Visuais: podem ser elementares (fagulhas, clarões), diferenciadas (figuras, visões), lilipudianas (diminuídas) e guliverianas (gigantes);
- Alucinações auditivas: são as mais comuns, podem ser elementares (zumbidos, estalidos) e diferenciadas (vozes). Na esquizofrenia as vozes se dirigem ao paciente (primeira pessoa) e na alucinose alcoólica falam dele (terceira pessoa).
- Alucinações olfativas e gustativas: são raras e quase sempre associadas, consistem em cheiros desagradáveis (gás, lixo, animais mortos).
- Alucinações táteis: formigamento, picadas, queimaduras, animais repugnantes, relacionadas ao uso de cocaína e anfetaminas.
- Alucinações cenestésicas: relacionadas a sensibilidade visceral. Por exemplo, o paciente diz que seu intestino está amolecendo e apodrecendo.
- Alucinações sinestésicas: fusão e troca de duas imagens de qualidades sensoriais diferentes. Por exemplo, ver a cor do som.
- Alucinações cinestésicas: relacionada aos movimentos.
- Alucinações hipnagógicas (ocorre ao adormecer) e hipnopômpicas (ao acordar). Não significam doença, pois podem ocorrer em indivíduos sem doenças psiquiátricas.
d. PSEUDO-ALUCINAÇÕES: não possui projeção no espaço e nem corporeidade. Surge como vozes internas ou imagens internas e podem ocorrer nas mesmas situações das alucinações.
e. ALUCINOSES: possuem projeção no espaço externo e ocorre certa estranheza do paciente quando ao fenômeno perceptivo ocorrido, podem surgir no rebaixamento do nível de consciência e em lesões pedunculares e occipitais, assim como no alcoolismo (por exemplo: alucinose alcoólica).
IMAGENS MENTAIS

1. IMAGEM PERCEPTIVA REAL: possui nitidez (imagem clara e bem delimitada), corporeidade (imagem viva, corpórea), estabilidade ( a imagem é fixa) ; extrojeção (o objeto da imagem está fora dos limites do eu) e ininfluenciabilidade voluntária (a imagem não se modifica pela vontade).
2. IMAGEM PÓS-SENSORIAL OU ECO SENSORIAL: - imagem resultante persiste após um estímulo intenso (como acontece quando se olha para o sol e se fecha os olhos).
3. IMAGEM REPRESENTATIVA OU MNÊMICA:- determinada imagem sensorial vivida na memória (introjeção), sem que o objeto esteja presente e por isso possuindo características inversas da imagem perceptiva real.
4. IMAGEM FANTÁSTICA OU FABULATÓRIA: criação da livre atividade imaginativa.
5. IMAGEM ONÍRICA: ocorre nos sonhos (imagem mnêmica e/ou fantástica).
  Características: plasticidade, mobilidade, introjeção, ilogismo, intemporalidade. 

  
MEMÓRIA (PROCESSO MNÊMICO)

Capacidade ou propriedade psíquica de fixar, conservar e reproduzir, evocar ou representar, sob a forma de imagens representativas ou mnêmicas, impressões sensoriais recebidas, transmitidas e conscientizadas sob a forma de sensações.

TIPOS DE MEMÓRIA
1. MEMÓRIA IMEDIATA: desaparece facilmente caso o acontecimento não apresente conotação afetiva ou outro tipo de importância.
2. MEMÓRIA DE FIXAÇÃO: guarda fatos ocorridos nos últimos dias ou semanas.
3. MEMÓRIA DE EVOCAÇÃO: relacionada aos dados mais antigos da vida do paciente.
FASES DO PROCESSO MNÊMICO  (MEMÓRIA)
 
1. FIXAÇÃO: o fato para ser memorizado de ser dotado de uma carga afetiva potencial (positiva ou negativa).
2. CONSERVAÇÃO: período de latência em que se conserva a imagem mnêmica.
3. EVOCAÇÃO: consiste em um ato consciente e esforço intelectual para trazer ao momento presente uma memória.
4. RECONHECIMENTO: consiste na identificação da imagem evocada como acontecimento pretérito, ou seja, identificada como recordação no quadro da situação atual. 

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS
1. AMNÉSIA MACIÇA: esquecimento de grande parte ou de todo o passado.
2. AMNÉSIA LACUNAR: comprometimento de fatos limitados do passado (o indivíduo lembra o anterior e o posterior a determinado período de sua vida).
3. AMNÉSIA SELETIVA: refere-se apenas a um determinado tema.
4. HIPERMNÉSIA: aumento da atividade ou capacidade de notação.
5. HIPOMNÉSIA: incapacidade de reter conhecimentos recentes; falsas recordações, paciente cria histórias sem consistência ou duração para preencher lacunas de memória (confabulações). A hipomnésia de evocação pode ser organogênica (caráter progressivo e irreversível geralmente - estados demenciais) ou psicogênica (globais, lacunares ou seletivas - somente para fatos dotados de carga afetiva - todas reversíveis). A hipomnésia de fixação sem hipomnésia de evocação (o indivíduo se lembra de sua infância e não sabe o que comeu no almoço) geralmente é organogênica, podendo ocorrer no delirium e nos quadros demenciais.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
1. ALOMNÉSIAS OU ILUSÕES DE MEMÓRIA - São falsas reminiscências, ou seja, imagens mnêmicas de fatos que aconteceram que são deformadas e falseadas pelo paciente.
2. PARAMNÉSIAS OU ALUCINAÇÕES DE MEMÓRIA - imagens criadas pela fantasia do paciente e que nunca ocorreram.


 Fonte: CCS -Centro de Ciências da Saúde/UFSC - BR