Bullying e a Psicanálise.


Na atualidade, um dos temas que vem despertando cada vez mais, o interesse de profissionais das áreas de educação e saúde, em todo o mundo, é sem dúvida, o do bullying escolar. Termo encontrado na literatura psicológica anglo-saxônica, que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais, em estudos sobre o problema da violência escolar.

Sem termo equivalente na língua portuguesa, define-se universalmente como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”. Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.

O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar “traumas” ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. Possui ainda a propriedade de ser reconhecido em vários outros contextos, além do escolar: nas famílias, nas forças armadas, nos locais de trabalho (denominado de assédio moral), nos asilos de idosos, nas prisões, nos condomínios residenciais, enfim onde existem relações interpessoais.



Depois dessa breve introdução, podemos analisar o "Bullying" de acordo com a ótica da Psicanálise
A meu sentir, através da Identificação Projetiva – conceito criado por Melanie Klein, na década de 1940 -, o sujeito tem a ilusão de livrar-se de partes de si, intoleráveis, colocando-as no interior do outro (o objeto). Este mecanismo proporciona ao sujeito uma sensação de onipotência, dado que o alimenta em um momento de controle.
Este conceito – absolutamente fundamental - pode ser compreendido na dinâmica psicótica (ansiedade paranóide, delírio, etc.) e permite explicar de forma bastante razoável e clara fenômenos como o racismo, a discriminação e o obviamente o Bullying.

No caso deste último, o sujeito/grupo serve apenas como pretexto, pois estes são aparentemente portadores do material psiquicamente intolerável por parte dos ditos sujeito e /ou grupo agressores.

Recentemente, podemos citar como exemplo a discriminação de que tem sido alvo uma criança portadora de doença oncológica. A dita criança fadada mais rapidamente a morte – torna-se, deste modo, a portadora das angústias de morte dos colegas, que se mostram incapazes de as integrar /suportar a dor como se fosse as deles mesmo....maltratando-a no sentido de tentar expulsar de sí este impulso de morte.
Na verdade é importante lembrar que o Bullying sempre foi praticado, porém com outros rótulos e sem a devida atenção pela mídia. Pela rapidez de informação e por sites de relacionamentos com vídeo (Youtube), bem como a evolução dos aparelhos eletrônicos (celulares), infelizmente estes meio acabam por difundir e angariar adeptos com esta mesma patologia  ou seja a dita civilização mais uma vez presta um deserviço a sociedade como um todo e certamente a saúde mental de muitos sujeitos.